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Acuados em presídios, rivais do PCC prometem atacar delegacias e fóruns

Mensagens obtidas pelo Campo Grande News mostram integrantes de bandos organizados, como o Comando Vermelho, prometendo retaliações caso humilhações para facção paulista não seja evitada
Separação de presos faccionados estaria afrouxada em presídios como a Máxima, após fim de rebeliões (Foto: Arquivo)
Mensagens de supostas lideranças de facções criminosas do PCC (Primeiro Comando da Capital) rastreadas pela Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) e obtidas pelo Campo Grande News mostram que detentos dos principais presídios de Mato Grosso do Sul estão ameaçando uma série de ataques a delegacias e fóruns, caso não sejam transferidos de suas unidades, onde são perseguidos e até espancados, ou haja melhora das condições.

Segundo os textos e áudios apreendidos, houve por parte da Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária) suposto “relaxo”, termo usado por presidiários, no controle de divisão dos faccionados, permitindo que integrantes do PCC, maioria no sistema carcerário, espanquem e ameacem os desafetos, principalmente os do Comando Vermelho.

A situação seria recorrente não só no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, mas em outras cidades, como Dourados e Ponta Porã.

“Eles jogam os caras de uma facção na mão das outras. Não respeitam nossa integridade física. Guardem a vida dos seres humanos, não tapem o sol com a peneira”, implorou um detento em uma das mensagens interceptadas. O texto teve erros de ortografia corrigidos pela reportagem para melhor leitura e entendimento.

Em outro trecho, o tom muda. De humanista, o detento faz denúncias graves de possíveis ataques se as exigências não forem atendidas.

“Que fique bem claro, se esse recado não surtir efeito nenhum, vamos atacar onde for necessário, delegacia, fórum, não vamos medir esforços”, completou.

Histórico – PCC e Comando Vermelho estão rompidos desde o ano passado, após desavenças na guerra pelo controle do fluxo do tráfico de drogas e armas. A rivalidade entre os dois gerou uma série de rebeliões nos presídios brasileiros em janeiro que vitimou fatalmente mais de 100 pessoas.

No Estado, a guerra de facções se passou sem violência nos presídios, apesar das tentativas, fortaleceu ainda mais o domínio da quadrilha paulista dentro e fora das muralhas, maioria absoluta desde que a fronteira com o Paraguai passou a ser completamente dominada.

“O clima de ameaças de morte do começo do ano deu lugar a uma hostilidade moderada, uma coisa meio até de escola, com o mais forte mantendo as rédeas do espaço com agressão física e verbal. Isso é coisa de quem está fora dos presídios e se vê iludido e frustrado na busca de uma alternativa ao PCC no mundo do crime”, disse um carcereiro da Máxima, que não quer se identificar, sobre as mensagens.

Para, até as ameaças de ataques são semelhantes às práticas mais usuais dos paulistas, não dos cariocas. “Como o Comando Vermelho protagonizaria algo desse tipo com minoria absoluta na cadeia e nas ruas? Abriria uma guerra desnecessária com a polícia por qual razão”, desconversou.

Em nota, a Agepen destacou que realiza sistematicamente a separação de internos faccionados, quando identificados. Também tem atuado efetivamente com a realização de vistorias e operações pente-fino em busca de retirar objetos proibidos, inclusive com apoio de outras forças de segurança em ações de inteligência, para antecipar possíveis ocorrências.

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